quinta-feira, maio 30, 2013

Ai que isto é tão difícil

Peço desculpa pela ausência de alguns dias, mas tenho andado numa correria tal que nem tempo me deixa para organizar ideias.

Este fim-de-semana, vi a entrevista do maestro António Victorino de Almeida no Alta Definição da SIC e houve uma frase que ficou aqui a retinir. Gostaria de a partilhar convosco. Era algo mais ou menos assim:

"Se um maestro, antes de dar o espectáculo, for dizer ao público «Ai vocês nem sabem como isto é difícil, esta partitura é muito difícil de ler», o público não vai gostar! O público não quer comiseração, espera sim um trabalho bem feito! Ou se um actor fizer um mau espectáculo, se se esquecer das falas, de certeza que a companhia o despede. Então porque é que não haveria de ser o mesmo com os políticos? A plateia, que somos nós cidadãos, também esperamos que seja feito um bom trabalho e não gostamos de ouvir lamentos."

E achei esta metáfora absolutamente genial e "no ponto".

Nos nossos empregos, ninguém - principalmente o chefe - espera que tenhamos um discurso de desculpabilização e com isso se perdoe eventuais erros. Muitos menos, que dígamos que é um trabalho muito difícil e que é por isso que somos incompetentes.

Claro que erros toda a gente comete. Seria hipócrita se dissesse o contrário, ainda para mais estando eu no início da minha vida profissional.

Mas creio que todos temos consciência de que somos responsáveis pelo trabalho que fazemos. E que se não cumprirmos cabalmente as nossas tarefas, corremos o risco de ser despedidos*.

Então porque é que esta regra não se aplica à classe política? Porque é que eles vêm fazer comunicados em que basicamente dizem que é muito difícil governar o país e a culpa foi do outro?

É dificil, sim, meus senhores! Mas foram vocês que escolheram essa profissão de responsabilidade. A plateia espera profissionalismo da vossa parte.

*Depois de ter ouvido uma notícia em que uma funcionária da linha de atendimento do INEM via filmes no computador durante o horário de trabalho, ao invés de atender as chamadas de emergência médica, já não sei se seremos "todos" a ter essa consciência.