terça-feira, setembro 18, 2007

Seria dos meus olhos?

A vila era a mesma de tantos Verões; a rua não havia mudado; a hora do dia era igual a tantas outras.
Eu reconhecia a rua: sabia perfeitamente onde me encontrava. Já tinha feito aquile caminho tantas vezes, tanto num sentido como no outro. À primeira vista, tudo permanecia na ordem imutável de há vários anos: a casa azul, seguida da amarela e depois aquela pequenina das janelas brancas.
Mas, naquele dia, havia algo de diferente. As casas e as fachadas antigas, que tantas vezes me haviam acompanhado nos passeios até à praia, despertavam a minha atenção. Parecia que nesse momento os meus olhos descobriam novos recantos, pormenores que até então me tinham passado despercebidos.
Sentia que as próprias casas se abriam para mim, mostrando os seus pequenos segredos. Era como se cada uma delas me dissesse: «Repara como a cor das nossas paredes se encaixa perfeitamente na arquitectura da casa. Olha para esta açoteia que se abre para um pedaço de paraíso escondido». Ao demorar os meus olhos pela rua e contemplá-la no seu todo, senti que emanava uma beleza nunca antes vista.
E pensar que toda aquela magia tinha estado sempre ali, mesmo à minha frente.