terça-feira, agosto 14, 2007

A tristeza da sala de espera

Numa sala de espera de um centro de saúde qualquer, a felicidade parece ter fugido pela porta de entrada lá para fora onde o sol brilha.
Aqui dentro é sempre Outono: velhotes passeiam as suas dores apoiados na bengala, mães preocupadas roem as unhas pensando no dia de trabalho que estão a perder, crianças impacientam-se  nos bancos... todos suspiram «quem me dera não estar aqui...»
Nos filmes, as salas de espera são sempre bonitas, alvas, cheias de luz, transpirando tranquilidade.
Aqui não. Aqui há o branco lascado das paredes, o castanho desbotado dos rodapés, o verde acinzetado do chão; as janelas estão fechadas (para não deixar entrar o sol ou para não deixar sair a tristeza?)
Podiamos acalentar a esperança de que o médico lhes tirasse as dores, que as suas nuvens cinzentas saissem daqui tal qual o céu numa fresca manhã de Verão. Mas saem daqui tal qual entraram.
Porquê?
Talvez não precisem do médico de família, mas sim de um médico da alma...

Os terceiros a contar do Sol

Hoje, enquanto tomava o pequeno-almoço, ouvi nas noticias um manifestante contra o alargamento do aeroporto de Heathrow dizer:
«Numa época de crise ambiental, é impensável...»
Estas palavras fizeram clic na minha cabeça. A verdade nua e crua é mesmo esta: o ambiente nunca esteve tão desregulado como agora. A saúde do planeta está por um fio e, em vez de invertermos este rumo, ainda ajudamos mais ao problema. Temos senadores norte-americanos a defender que caso a temperatura do planeta suba, a solução é desabotoar a camisa; temos governos britânicos a quererem aumentar 21 aeroportos (quando existem, certamente, outras questões mais significativas a requerer atenção).
Entristece pensar que as nossas vidas são governadas pelo lucro, pelo afã de gerar mais e mais «notinhas verdes».
Deixámo-nos acomodar ao prazer dos banhos de imersão, à facilidade de deitar o lixo todo no mesmo contentor, ao milagre da electricidade nas nossas casas. Tudo coisas boas, sem dúvida, mas também prejudiciais quando usadas irresponsavelmente. 
Não digo para nos tornarmos radicais - protestar contra a globalização, ingressar a Greenpeace, amarrarmo-nos a uma árvore... Não, não é preciso tanta «loucura»!
Pequenos gestos como desligar a água enquanto nos ensaboamos, apagar as luzes quando saimos de uma divisão da casa, separar o lixo para a reciclagem (agora até as Camâras Municipais oferecem ecopontos!).
São acções como estas - inócuas, indolores e, no fim de contas, recompensantes - que melhoram o ar que nos envolve.
Não acredito que haja alguém que goste de assistir à lenta deterioração do espaço onde mora.
Uma vez que impera o lema do lutar pelo benefício próprio sem olhar a quem pisamos pelo caminho (não que eu concorde com este modo de vida, mas a sua discussão fica para outro post), então VÁ! Lute, esgravate, faça das tripas coração para tornar o lugar onde vive num sítio melhor!