terça-feira, agosto 14, 2007

A tristeza da sala de espera

Numa sala de espera de um centro de saúde qualquer, a felicidade parece ter fugido pela porta de entrada lá para fora onde o sol brilha.
Aqui dentro é sempre Outono: velhotes passeiam as suas dores apoiados na bengala, mães preocupadas roem as unhas pensando no dia de trabalho que estão a perder, crianças impacientam-se  nos bancos... todos suspiram «quem me dera não estar aqui...»
Nos filmes, as salas de espera são sempre bonitas, alvas, cheias de luz, transpirando tranquilidade.
Aqui não. Aqui há o branco lascado das paredes, o castanho desbotado dos rodapés, o verde acinzetado do chão; as janelas estão fechadas (para não deixar entrar o sol ou para não deixar sair a tristeza?)
Podiamos acalentar a esperança de que o médico lhes tirasse as dores, que as suas nuvens cinzentas saissem daqui tal qual o céu numa fresca manhã de Verão. Mas saem daqui tal qual entraram.
Porquê?
Talvez não precisem do médico de família, mas sim de um médico da alma...