terça-feira, janeiro 06, 2009

Muda de vida, se tu não vives satisfeito!

É triste, e ainda mais triste me sinto por ter chegado ao ponto em que o admito em voz alta (menos preocupante seria se o mantivesse encarcerado no fundo do meu pensamento). Mas a verdade é que tenho notado em mim um crescente sentimento de fuga: vontade de fugir deste país!
Tenho de reconhecer que a única coisa que ainda me faz querer ficar são as pessoas que realmente amo e essas conto-as pelos dedos das mãos (quem sabe se de uma mão só - mas isso são outras conversas...).
Mal comecei a aperceber-me melhor do mundo da política, logo me desiludi: construímos TGV's que nunca hão-se funcionar porque não temos comprimento de linha suficiente; oferecemos Magalhães que, passada a procissão dos Ministros e séquito de televisões, são retirados às crianças; Presidentes de Camâra que apesar de condenados são reeleitos para os cargos; Regiões Autónomas que pensam que são Estados Federados... O rol continua e os cidadãos dizem que a culpa é do Governo, do Estado, da oposição e de quem mais houver para servir de bode espiatório.
Culpam os outros, mas (e desculpem-me a expressão!) são incapazes de levantar a «bunda» da cadeira e ir fazer pela vida: claro que não!, é muito mais confortável estar em casa a ver o Goucha e a receber o subsídio de desemprego.
«Empreendedorismo?! Que é isso? Eu cá não gosto dessas mariquices!» O português vive para o próximo biscate, o próximo esquema, aldrabice ou trapassa... Somos incapazes de olhar e pensar grande, pensar a longo prazo e investir em novos projectos. Aqueles portugueses que ainda mantêm essa visão alargada, acabam de uma maneira ou outra por fugir: Fátima Lopes tem lojas em Paris, Saramago vive no país vizinho, músicos mais reconhecidos no estrangeiro do que em Portugal...
Sonho com um Portugal onde não há necessidade de vedações de propriedade privada porque todos temos a consciência de que aquele espaço é de todos e que se estragarmos somos efectivamente proíbidos de frequentar qualquer espaço semelhante. Tenho esperança num país em que se paga mais impostos, mas que o Serviço Nacional de Saúde responde impecavelmente e a Educação oferecida é formadora de cidadãos competentes e qualificados. Quem me dera um país em que os próprios munícipes dissessem «não precisamos de um estádio de futebol tão grande; não vamos assim tanto ver jogos» (e, quem sabe, ainda dissessem para investir em Centros de Saúde, escolas, etc).
Todo um conjunto de «se's» que nunca passará disso mesmo: um grande e suspirado SE...