domingo, dezembro 03, 2006

A eterna cidade perdida

Nada faz mais sentido neste momento do que escrever estas linhas…
Hoje vi um filme, intitulado “Havana, a cidade perdida”. Pondo de parte as questões políticas indissociáveis este país, para mim, o mais marcante neste filme foi o retrato do espírito cubano, da paixão, do seu cha-cha-cha…
Não me perguntem porquê, pois não saberei responder, mas a verdade é que este filme ficou “preso” em mim: a música, a alegria daquele povo, até o cheiro de um país (onde nunca fui) me ficou!
"Havana é isto", dizia Andy Garcia.
Quando o filme acabou, cheguei à conclusão que há dois países que me fazem voar (nem que seja apenas por me imaginar perdida no meio de toda a sua magia): Itália e Cuba.
Sobre Itália já existe um post que descreve na perfeição o efeito que o país "da pasta" tem em mim e, por isso, pareceu-me suficiente republicá-lo (vejam o post anterior).
Contudo, o assunto hoje é Cuba!
Como comecei por dizer neste post: «nada faz mais sentido neste momento…». E é verdade: hoje vi um filme (não um êxito de bilheteira, mas simplesmente um daqueles filmes que te tocam de uma forma inexplicável e que te fazem ver o mundo de um modo completamente diferente) sobre Cuba e, há uns dias atrás, sem imaginar que hoje estaria aqui em frente ao computador a escrever isto, publiquei um post sobre a paixão de dançar – quando penso em dança, penso em Cuba.
Chamem ingenuidade de alguém inexperiente, chamem ignorância de alguém que nunca esteve em Cuba, chamem o que quiserem, mas a verdade é que muitas das coisas em que acredito, vejo-as no espírito cubano (não pensem que tenho intenções de mudar de país). Talvez seja melhor explicar-me.
Comecemos pela música: os cubanos têm um sentido de ritmo, a meu ver, fascinante. Tocam com a alma, com o coração e põem todo o seu sentimento em cada nota que tocam. Eu não consigo ficar indiferente à sua música, é como se uma onda me invadisse e eu deixo a música me levar (adoro fechar os olhos e mover-me ao ritmo da melodia, esquecer o que me rodeia; naquele momento sou só eu e a música). As próprias ruas estão cheias de melodia, é como se a música nos acompanhasse enquanto nos perdemos por vielas e ruelas. A música está em todo o lado.
As pessoas têm uma alegria de viver admirável: perante as dificuldades, continuam a sorrir, a ter alegria de viver, a sentir prazer em reunirem-se num pátio ou praça tocando um cha-cha-cha, uma salsa... e ficando ali, esquecidas dos problemas, simplesmente vivendo aquele momento.
Depois, há aquela liberdade, aquela vontade de guardar para sempre aquele pôr-do-sol perfeito, aquele fim de tarde a olhar o mar, aquele sorriso, aquele beijo, aquele momento…
E por último, uma das coisas em que mais acredito, o mantermo-nos fiéis às nossas causas. Devido a todas as situações políticas que Cuba já atravessou, o seu povo desenvolveu um espírito lutador e defensor daquilo em que acredita. Não interessa qual a sua ideologia, ou se aquilo que defendem está ou não de acordo com o que cada um de nós pensa, mas a verdade é que os cubanos são lutadores!
Contudo há uma coisa de que não abdicam: a família. Podem os irmãos, sobrinhos, primos, tios, terem ideais diferentes, mas quando a família está reunida, tudo fica para trás. Família primeiro que tudo…
Por tudo o que Cuba, com a sua capital Havana, representa, será para sempre a eterna cidade perdida…