sábado, outubro 20, 2007

Raios te partam Darwin!

É importante começar por frisar que não tenho nada contra o grande naturalista que foi Charles Darwin, nem contra a sua mais celebre obra «A Origem das Espécies pela Selecção Natural». Pode-se dizer que é a interpretação que as pessoas fazem de selecção natural que me causa formigueiro.

Sobrevivência do mais forte!

Ora aqui está o cerne da questão! Generalizou-se, na nossa sociedade, que para se sobreviver temos de ser mais fortes que o nosso parceiro. No entanto, este ser "mais forte" vem conotado com o célebre passar por cima de quem se atravessar no nosso caminho sem olhar a meios (nem a fins...).

A lei da selva, vulgo lei da sociedade, manda que para sobreviver sejamos hipócritas, que chutemos para canto os sentimentos dos outros e que coloquemos o nosso proveito em cima de um pedestal luminoso, bem polido. «Magoei o não-sei-quantos? Problema dele!», «Achas que fui sacaninha? É a vidinha, meu amigo!».

Não pensem que estou aqui a defender que sejamos uns totós, que passemos a actuar tendo apenas por objectivo os interesses alheios. Não! Não sou ingénua a esse ponto. Mas haverá mesmo necessidade de, para vingar na vida, sermos uns verdadeiros canalhas?

Não seria possível encontrar um meio termo entre o nosso próprio proveito e o bem-estar do outro? Uma pitada mais de sensibilidade: seria pedir muito?
Por vezes, penso que se Darwin não tivesse escrito que os mais fortes é que sobrevivem, não teríamos chegado a este ponto.